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entrevista

Antonella Anedda

P O que  significa ser poeta hoje? O que  é um  poeta?  O poeta é um  cantor nostálgico  da palavra já desgastada e obsoleta?  É necessariamente  um opositor do mundo?

Antonella – A poesia,  quando   realmente fala,  nunca  é  desgastada.  Quem  escreve poesia (ao menos segundo  o que acredito)  não se opõe ao mundo,  mas à arrogância e ao poder.

P Depois de  Residenze  inuernali  (1992),  publicou um  livro  de  contos  e ensaios,   em  1997,  Cosa sono gli anni,  e três  anos  depois, em  2000,   um livro  de  crítica  literária,  com  incursões  no  mundo da  pintura. Em  que medida essas obras se entrelaçam entre si? Qual é a relação  com  a poesia?

Antonella – Às vezes, prosa e poesia sonham uma o sonho da outra, e não creio nas fronteiras entre uma  e outra, pelo contrário,  estou convicta  de que não há sentido  em separá-las.  No que diz respeito  à pintura,  estudar iconologia me permitiu ter uma base mais científica que lírica, era a regra que corrigia a emoção. Entender um quadro  em seu contexto histórico, estudar os comitentes,  a influência da economia na arte,  acredito que  tenha  me  ensinado  a ver melhor e a perceber a importância da matéria.

P O volume  de  traduções, ou "variações", Nomi distanti (1998)  pode  ser visto como  um  laboratório? "Uma terceira voz em  um  terceiro espaço"? Para  retomar sua expressão na nota  introdutória.

Antonella – Escrever  é traduzir,  e traduzir é um  corpo a corpo  com  a leitura.  Paul  Celan traduz  Mandel'Stam  não  somente do  russo  para  o alemão,  mas  em  roda  a poesia de Niemenrose. Quando traduzimos,  reatravessamos o corpo do texto, colocando em jogo o nosso mundo, a nossa linguagem para tentar ouvir realmente a voz do outro alguém e buscamos oferecer hospitalidade a um mundo  exterior sem desnaturá-lo, sem domesticá-lo. Porém, o desafio de cada tradução é também tentar  restituir o que  no  texto  original  estava latente.

Tradução: Maysa Rizzotro

Para continuar lendo a entrevista, veja as páginas de Vozes...

Extraído de Vozes: cinco décadas de poesia italiana

Organizado por Patricia Peterle & Elena Santi

Editora Comunità  2017

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